terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Não posso ser poeta.

às vezes penseo em fazer poesia Mas estou velho para ser poeta O tempo passa E tenho na minha face marcas... Marcas de um olhar incerto Atropelado por tantos olhares dispersos Ainda úmidos por tantas lágrimas vertidas Uma face seca Por tantos sorrisos esquecidos. Um dia, recordo, sonhei que era poeta Mas precisaria de ter um coração O meu bate descompassado, num ritmo vão Lento entre o amor e a perdição. Não posso ser poeta Minhas mãos são brutas Minha face é triste Meu coração é ferido Minha vida é magoada Está tarde O tempo passa Meu corpo seca, definha No corpo da mulher que não aceita ser amada Na face da mulher que verte lágrima sofrida No coração que se iludiu, que não amou um dia. E enquanto o tempo passa Somo versos, somo rimas E tropeço nos avessos Vendo surgir uma poesia.